domingo, 10 de janeiro de 2016

Janelas também adoecem.


Dorme, dorme sereno, enquanto as curvas do teu corpo dão vazão aos lençóis novos da minha cama impregnados com o cheiro do teu sexo.
Gesticula imerso nesse mar de sonolência que prende tua perna a minha como um extinto materno de auto proteção.
Passeia tuas mãos sobre minhas costas nuas como quem procura o caminho de casa (e não acha).
Respira ofegante como marinheiro em terra firme com saudade do mar.
E desperta, desperta com um desses olhares oblíquos e silenciosos numa apreciação terrena das obras já não mais protagonizadas e apenas repetidas exaustivamente nas gavetas da memória.
E agora levanta, levanta livre enquanto os feixes de luz que ultrapassam a cortina iluminam tua pele morena e você aflito procura a roupa de baixo e acha! Tens de pedalar, é segunda, dia de cumprir rotinas, assinar papeis que não lê e relembrar dos momentos já eternizados pela memoria nas pausas de dez minutos enquanto fuma um cigarro. Quem sabe um bilhete com caligrafia desenhada escrito em guardanapos de bar, quem sabe impressões digitais tuas sobre o molho de chave? Quem sabe?.